Histórias da Unisc

       

 

VIRADAS

Gabriel Maria Bellini

Viradas... Exatamente. Outros títulos povoaram as intenções, todos se atropelando. Depois pareciam viáveis para o presente compromisso: transformação e metamorfose, ambos eruditos, de ascendência nobre, latino um, helênico o outro, verdadeiramente radicais.

Temos a impressão de que o leitor concorda conosco. São palavras da maior respeitabilidade, sonoras, recheadas de sabedoria milenar, especialmente, a segunda, a mais antiga das duas. Mas nem uma, nem outra. Optou-se por VIRADAS. É palavra menos sisuda, mais viril e verde a um tempo, por isso mesmo, mais ao gosto do povo. Além do mais, sua carga semântica é de irresistível atualidade. Até certa aura de contextual, de cotidiano, paira sobre ela.

Em função da UNISC, muito generosas foram as viradas, concomitantes ao processo de contextualização. Tudo porque num desses afortunados dias, acalentou-se um sonho que desencadeou acelerado universo de expectativas da mais viva pertinência, com sabor de modernidade e de eficácia.

Foi paixão mesmo. Alimentada por surpreendente e vivo altruísmo, que compete a mentalidades dotadas de clarividência e discernimento, próprios do tempo.

Um grupo de “iluminados” idealizou a sociedade civil, APESC, em 1962, visando à criação de Ensino Superior em Santa Cruz do Sul, numa concepção antropológica solidária que assegurasse identidade definida. Inigualável na concepção e no desempenho da saga intelectual.

Seu primeiro presidente foi Jurgen Klemm.

Passados hoje mais de trinta anos, o tempo instituiu oficialmente a Universidade, em 1993. Usufrui reconhecimento do prestígio, com direito adquirido por ser detentora de logomarca faustosamente inédita, dadas as singularidades de visual, de significado, especialmente este, um sinal aberto, receptivo, sendo sempre palmilhada, convidativa. Janela aberta para sondar horizontes.

A comunidade santa-cruzense viveu viradas vivas, velozes, decididamente vanguardeiras, por força de uma visão de mundo que, bem cedo, incorporou.

Bastou, nos idos de 1972, a futura universidade ter adquirido apreciável área geográfica, para que  a especulação imobiliária cobiçasse freneticamente as imediações, acompanhada de asfixiante onda inflacionária. Tudo concorria: a oxigenação de ideias nas esquinas, a topografia e o enorme pulmão verde, custodiando a vida a qualquer preço.

(In)esperadamente, as viradas corporificaram-se em supervalorização dos terrenos, arruamentos confortáveis, serviços urbanos de primeira linha, arquitetura revolucionária, enfim um visual inteiramente novo; um polo urbano se desenhava num bairro, há pouco tempo, sem expressão.

O alcance que uma idéia pode determinar!

O termo “universidade” inoculou o estigma de mudança trepidante. Em sentido amplo, Santa Cruz do Sul angariou foros de modernidade irrefreável. A linguagem ganhou expressões chamativas. Uma espécie de eruditismo invadiu a rua, apoiado pelo canal máximo de comunicação, a TV Santa Cruz, em 1988. Um vocabulário todo diferenciado polarizou as atenções de quantos se deram conta de que a sociedade estava passando por profundas transformações.

Era de viradas, nascida de um projeto para virar meta madura, sazonada na audácia de pessoas de visão. Tenacidade jamais corroída pelo vírus da acomodação gratuita...

Estímulos culturais, dessa ordem, instauraram impulso crescente de bem-estar, viradas sobrepostas e uma belle époque à vista, engolfada pela criatividade solta. Esta a leitura que se fez, este o rosto de uma população que, há oito anos, se deixou inundar por fragrâncias culturais não episódicas, e sim, a resultante de um todo artesanalmente concatenado em legítima cidadania.

Paralelamente em salto gigantesco de primícias, de primeira ordem, nasceu, em 1984, a menina dos olhos da FISC, a Escola Educar-se, originalíssima, a quebrar tabus enraizados e tortos. Pôs  em xeque normas proibitivas, de ortodoxia radical. O resultado não demorou e a Escola fez história bonita, moderna. É bem verdade: o fruto não cai longe do pé...

A clepsidra do tempo derramou, pacientemente, todos os momentos da cativante história da UNISC, fruto das “peças e engrenagem das Ciências Sociais”, substancialmente humanos para todos os momentos...

Acrisoladas oferendas, com inequívocas credenciais de excelência para bem servir, constituem o produto que tem a marca UNISC, com assinatura de dadivosa prodigalidade.

Ela assim é, sem contar com proeminências: reitores, corpo docente, alunos e funcionários a quem se tributam o mais vivo aplauso e efusivo agradecimento.

Viradas de generosas mãos... Desprendidas, umas doam; em anuência, outras recebem, as do corpo docente e discente ao mesmo tempo. E todas ganham. Solidária parceria...

A UNISC, na merecida comemoração de suas oito ridentes primaveras, pode dizer que “ao invés de maldizer a escuridão, riscou fósforos”, tendo, por isso mesmo, passado de JANELA DO ENSINO A PORTAL DA CULTURA, nas áreas onde sua marca registrada lhe dá credibilidade absolutamente justa no concerto das demais instituições de Ensino Superior do País.

 

Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul - APESC